Como diria certo pregador cristão, a oração é a chave que abre a porta
do céu. Mais que uma prece “mecânica” ou repetida, orar é falar com Deus,
estabelecendo um elo com Ele. É também a maneira mais singela de manter
aquecida a nossa relação com o Criador. Quando oramos, expressamos ao Senhor
toda a nossa admiração e gratidão, fazemos petições e nos colocamos à sua
inteira disposição. Devemos nos dirigir a Ele com um coração arrependido,
quebrantado e cheio de fé e amor, disposto a servi-lo e adorá-lo sem reservas.
Acerca da oração
Conceito [Do lat. orationem]. Súplica ou prece dirigida pelo homem ao
seu criador. É por meio da oração que o homem se aproxima de Deus e através
deste elo recebe muitas bênçãos da parte do Senhor. Podemos falar com Deus a
qualquer hora e em qualquer lugar.
Propósitos. Baseado nos ensinos da Palavra de Deus, podemos classificar
os quatro propósitos primários da oração (Mt 6.5-15):
1 - Adoração. Devemos reconhecer a soberania, o poder e o domínio do
Senhor Jeová; reconhecer que somos dependentes dos seus cuidados e provisão;
buscarmos íntima relação e comunhão com Ele (Mt 6.9,10,13c; Lc 1.46,47).
2 - Gratidão. Devemos agradecer ao Senhor pelas inúmeras bênçãos
alcançadas, pelo perdão dos pecados, pelos livramentos e pelo cumprimento das
promessas. Devemos agradecer ao Senhor pelo seu amor, graça e misericórdia (I
Ts 5.18 cf. Cl 3.15; Sl 103.1-6).
3 - Petição. Somente ao Senhor devemos rogar, pedir ou implorar. Somente
Ele nos dá proteção, provisão, sustento, cura, sabedoria e opera milagres em
nossas vidas. Devemos pedir ao Senhor aquilo que está de acordo com a sua
vontade e certamente seremos honrados (I Jo 5.14,15 cf. I Pe 3.12).
4 - Disposição. Por último, devemos demonstrar a nossa alegria em servir
ao Senhor, colocando-se à inteira disposição para fazer aquilo que lhe apraz. É
também sujeitar-se à sua vontade e querer, seguindo suas orientações e
mandamentos (Sl 100.2; Is 6.8; Rm 12.11).
Como devemos orar: Devemos nos dirigir ao Senhor com toda reverência,
respeito e carinho, com o coração ao mesmo tempo em que feliz, arrependido,
quebrantado e contrito, disposto a amá-lo, honrá-lo e adorá-lo sem limites (Sl
51.17; Cl 3.12). A Bíblia também nos ensina que ao orarmos não devemos usar de
vãs repetições e neste caso, podemos inserir também o cuidado com termos
vulgares, palavras torpes ou gírias (Mt 6.7 cf. Cl 3.8; Ef 5.4).
Tipos de oração. Por se tratar de algo singular, a oração nos conduz a presença
de Deus, estabelecendo um elo entre o criador e a criatura. Na Bíblia,
encontramos vários exemplos de oração, que nos servem de modelos a serem
seguidos:
1 - Ações de graças. Este modelo nos ensina a orar ao Senhor com
profunda gratidão em nossos corações, afim de, agradecer-lhe pelas inúmeras
bênçãos, maravilhas e milagres (Ef 5.20; Cl 3.15; I Ts 5.18 cf. Sl 56.12).
2 - Clamor. Podemos orar em alta voz; com intensidade, buscando ao
Senhor em meios às lutas, aflições, como também diante das promessas feitas
pelo Senhor nosso Deus (Lc 18.7; II Sm 22.7 cf. Sl 17.1; Jn 2.2; Jr 33.3).
3 - Petição. Aqui aprendemos, que apenas ao Senhor devemos dirigir
nossas petições, confiando aos seus cuidados as nossas necessidades (Fl 4.6 cf.
Sl 20.5).
4 - Intercessão e súplica. Através deste modelo aprendemos que devemos
orar uns pelos outros, compartindo uns com os outros as necessidades e dores,
buscando o favor do Senhor. O Senhor Jesus nos deixou um grande exemplo de
intercessão (Jo 17.9-21; I Tm 2.1; Ef 6.18 cf. Ml 1.9).
5 - Oração da fé. Este modelo nos ensina sobre a importância da fé em
momentos de dificuldades e/ou enfermidades, casos extremos, onde a solução é
orar ao Senhor confiando plenamente em seu poder (Tg 5.15-18; Hb 11.6 cf. Mc
11.22-24).
6 - Adoração e louvor. Como feituras das mãos de Deus, devemos adorá-lo
com o melhor do nosso viver, oferecendo ao Senhor sacrifícios de louvor por seu
poder, majestade e domínio (Jo 4.23,24; Cl 3.16; Ef 5.19; Hb 13.15).
7 - Arrependimento. Aprendemos, que pela oração, confessamos a Deus
nossos pecados e fraquezas, pedindo o seu perdão e restauração. (Sl 32.5;
51.1-4; I Jo 1.9).
8 - Orando em espírito. Aprendemos que é possível orar em espírito, ou
seja, mentalmente, orando de acordo com o nosso entendimento. Também podemos
orar em línguas e receber edificação espiritual (Jd 1.20 cf. I Cor 14.4,14,15).
Recursos que fortalecem a oração. Temos a disposição recursos
extraordinários que auxiliam a oração, trazendo-nos resposta e resultado
eficaz:
1 - Orar com fé. A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e
a prova das coisas que não se veem (Hb 11.1). O efeito, resposta ou resultado
da oração, está essencialmente ligado à fé do crente (Mt 21.22; Mc 11.22-24). A
Bíblia nos mostra que através da fé, muitos homens e mulheres de Deus
alcançaram milagres, bênçãos e vitórias experimentando em sua jornada, o
sobrenatural de Deus (Hb 11.1-40).
2 - Orar professando a Palavra. Tomando a Palavra de Deus como base da
oração, isto é, apresentando as promessas, o poder e a vontade soberana do
Senhor como âncoras à nossa fé (Jo 15.7 cf. I Rs 18.36; Sl 119.168-171).
3 - A ajuda do Espírito Santo. Quando chegamos ao limite da mente e das
nossas condições, e não sabemos o que havemos de pedir como convém, temos o auxílio
do Espírito Santo que nos ajuda nas nossas fraquezas, pedindo e intercedendo ao
Senhor aquilo que esteja de acordo com a sua vontade (Rm 8.26,27).
4 - Fator determinante. Uma característica fundamental e indispensável
na oração é fazê-la em nome do Senhor Jesus (Ef 5.20 cf. Jo 14.13,14; 15.7,16;
16.23). Significa orar pelas coisas que estejam de acordo com a vontade do
Senhor e glorifiquem o seu nome (I Jo 3.22; 5.14,15).
Impedimentos à oração. Existem muitos fatores negativos capazes de
impedir que as nossas orações sejam atendidas:
1 - Falta de comunhão e perdão. Precisamos aprender a perdoar para que
as nossas orações não sejam impedidas (Mc 11.25,26 cf. Mt 6.12). Viver em
contendas, motivado pela inveja ou vanglória (I Cor 11.16-18 cf. Fl 2.3; Hb
12.14,15).
2 - Dúvidas ou incredulidade. A dúvida é gerada e alimentada pela falta
de conhecimento da Palavra e do poder do Senhor nosso Deus. A incredulidade é
um obstáculo que impossibilita a atuação divina (Tg 1.5-7 cf. Hb 11.6).
3 - Motivações egoístas. Pedir ao Senhor aquilo que não necessitamos ou
coisas que atendam desejos pretensiosos (Tg 4.3). Deus não tem compromisso com
o nosso “capricho”, e sim, com as nossas necessidades (Fl 4.19 cf. Sl 127.2).
4 - Relacionamentos abalados. Como anda o nosso relacionamento familiar
diante de Deus? Diante dos conflitos diários, é necessário rever os nossos
relacionamentos, isto é, entre esposo e esposa, pais e filhos, irmãos, para que
as nossas orações não sejam impedidas. (I Pe 3.7 cf. Mt 5.23,24).
5 - Pecados encobertos. Viver em desobediência ou rebeldia à Palavra de
Deus impede as nossas orações. O pecado torna-se um grande embaraço entre Deus
e o homem (Is 59.1,2). Devemos confessar ao Senhor as nossas falhas (I Jo 1.9
cf. Pv 28.13).
ACERCA DO JEJUM
Conceito Bíblico
Teológico. [Do lat. ieiunum]. Abstinência espontânea de alimento durante um
período estabelecido ou específico, com o propósito de buscar ao Senhor, suas
bênçãos e favor, aperfeiçoar o exercício da oração e fortalecer a vida espiritual
(Mt 6.16-18).
Abstinência Natural. Nas
Escrituras Sagradas, um exemplo prático da abstinência natural de alimentos, se
deu no jejum de quarenta dias do Senhor Jesus, quando lemos que ele “nada
comeu” e que ao fim daquele período “teve fome”. Tais ênfases nos apresenta a
lógica distinção entre a fome e a sede, abrindo uma exceção para a água, já que
fisicamente falando, o corpo não suporta a falta de hidratação (Lc 4.1-4).
Abstinência plena.
Contudo, encontramos também vários outros exemplos bíblicos do que podemos
chamar de "jejum pleno”, que evidencia a abstenção tanto de alimento como
de água. Temos o exemplo da Rainha Ester e Mardoqueu (Est 4.16) e o exemplo do
apóstolo Paulo que também jejuou por três dias após seu encontro com Cristo (At
9.9-11).
A Bíblia nos revela um
jejum de quarenta dias feito por Moisés (Êx 34.28; Dt 9.9,18). Porém, levando
em consideração a impossibilidade física, o corpo humano não pode ficar muito
tempo sem água, e por se tratar de um caso específico, só há uma maneira de compreender:
Envolvido pela glória divina foi sustentado de forma sobrenatural (Êx
34.29-35).
Abstinência parcial.
Encontramos descrito na Palavra de Deus, um exemplo do que podemos considerar
um jejum parcial, isto é, a abstenção de apenas determinados tipos de
alimentos. O profeta Daniel, em certa ocasião se absteve por três semanas
inteiras de alimentos específicos com o propósito de compreender uma revelação
divina que lhe foi dada por visão (Dn 10.2,3).
Conceito distorcido. No
sentido bíblico, o jejum não pode ser visto como penitência ou castigo, mas
como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1; I Pe 2.5 cf. Sl
51.17).
Ligados em essência. Por
se tratar de abstenção de alimento com fins espirituais; o jejum está
essencialmente ligado à oração. É inconcebível, inadmissível, a prática do
jejum sem oração (Lc 2.36,37; At 9.9-11 cf. Ne 1.4).
Quanto ao exercício. É
necessário esclarecer algumas questões que envolvem o jejum, sobretudo em
relação à sua prática e objetivo. Podemos relacionar algumas características
importantes, que promovem a eficácia do jejum, que ligado à oração pode muito
em seus efeitos, são elas:
1 - Disposição. Não
devemos jejuar nos sentindo obrigados ou constrangidos. Jejum não é necessidade
alheia ou coletiva, e sim, uma necessidade pessoal. Por isso, precisamos estar
dispostos, munidos de um coração humilde, voluntário e sincero (Mt 6.16-18 cf.
Sl 51.12; 101.2).
2 - Renúncia. Ao jejuar,
precisamos abrir mão de forma responsável de atividades pessoais (afazeres que
não sejam prioridades), descanso e laser, afim de, obter tempo disponível e
suficiente para realizar o jejum (I Cor 7.5 cf. Mt 6.33; 16.24).
3 - Disciplina. Diante
das ocupações e afazeres diários, é necessário ter disciplina para jejuar de
maneira responsável e satisfatória, administrando o tempo disponível. A
disciplina vai desde a higiene pessoal até o lugar ideal para a realização (Mt
6.16-18 cf. Ec 3.1).
4 - Propósito. Trata-se
do objetivo; a causa pela qual estamos orando e jejuando. Assim como não tem
nenhum sentido o jejum sem oração, assim também, o jejum não tem sentido sem um
objetivo determinado e específico (Mt 9.14,15). O propósito deve conter em sua
essência justas e piedosas intenções. (Mt 17.21; At 13.2,3 cf. Ne 1.4; Est
4.16).
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