Texto Dt. 8.2-3
Introdução
Algumas vezes Deus permite que certas circunstâncias
surjam na nossa vida, só para ver se somos assim tão honestos e sinceros quando
falamos no Seu nome. Por isso, Ele permite que na nossa vida aconteçam
dificuldades, adversidades, opressões, doenças, e problemas familiares. Por que
Deus permite o deserto na nossa vida?. A própria Palavra de Deus nos afirma
que, muitas vezes, o próprio Deus nos manda para o deserto. E, para que não
tenhamos dúvidas sobre isso, lembremos que nem mesmo o Filho de Deus, ficou
isento da provação. O Espírito Santo o conduziu ao deserto para ser tentado
pelo diabo (Mt.4.1).
O povo de Israel viveu no Egito durante 430 anos, a
maior parte deste período, foram como escravos. Viveram numa liberdade
reprimida e controlada pelos egípcios que possuíam crenças e hábitos estranhos
aos valores espirituais de Israel. Isso resultou na assimilação de alguns
hábitos e comportamentos, e no surgimento de sentimentos mesquinhos, medíocres
e negativistas, os quais se tornaram mais evidentes no deserto. Esses
sentimentos faziam com que o povo de Israel reclamasse de tudo e perdesse boas
oportunidades de valorizar as experiências com Deus no deserto. Dessa forma, o
povo acabou tornando-se mais hostis e amargos.
O ambiente do deserto permitiu a Israel perceber não
só as suas limitações e desafios, como também a grandeza de Deus evidenciada
por grandes obras e preciosas lições. Essas experiências foram necessárias para
mudar essa Nação à maneira de Deus, pois como povo Seu, ela deveria cumprir os
seus propósitos aqui na terra como havia sido dito a Abraão: “em ti serão
benditas todas as famílias da terra” (Gn.12.3).
Quando falamos em deserto a primeira coisa que vem na
nossa mente é de imaginarmos uma região que não chove, de um lugar quente e
seco, incapaz de sustentar pouca vida. Um lugar de muita areia e pedras, onde
não existe conforto, nem água para beber. E o deserto espiritual, o que vem ser
na realidade?. Posso definir em poucas palavras: É O LUGAR ONDE DEUS TOCA
PROFUNDAMENTE A ALMA DO HOMEM.
Queridos, o deserto espiritual é exatamente a mesma
coisa. É a nossa “vida seca” diante da presença de um Deus que nos dá vida e
vida em abundância. Deus permite que aconteça o deserto na nossa vida para
provar o nosso coração, se ele está firme N’Ele, ou se ainda estamos vacilantes
na fé. O deserto põe o homem face a face com Deus. À medida que o homem mostra
a sua fraqueza, ele se vê obrigado a buscar refúgio e amparo no Senhor. Veja
que após a euforia da saída do Egito, e do milagre da passagem pelo Mar
Vermelho, onde todos passaram de pés secos, atrás deles, o mar se fechou
mostrando que Deus só abre caminho para seus filhos, e o caminho que Deus abriu
para você ninguém mais vai passar!. Você crê nisso?!.
O povo começou a sua caminhada pelo deserto, vindo em
seguida às provações, pois para Deus o ouro quanto mais provado no fogo, mais
puro fica, e melhor é o seu valor!. É no deserto que nos despojamos de nós
mesmos. É o encontro da verdade. É quando nos quebrantamos num ambiente hostil,
onde não gostamos e nem estamos acostumados a ficar. Saiba que Deus não atrai
crianças nem covardes para o deserto, mas homens que demonstrem coragem para
lutar e vencer as batalhas que lá se encontram. O próprio Jesus deu o testemunho
sobre um homem valente que seria encontrado no deserto ao falar de João Batista
(Mt. 11.7-14).
O deserto é uma obra de Deus, para onde Ele dirige os
seus eleitos (Os.2.16). É onde Deus parece atrair-nos para uma experiência. Um
chamado de Deus, para mergulharmos na mais profunda intimidade pessoal com o
Senhor. Não podemos cair na tentação de dizer que o deserto é uma punição
divina, o que não é verdade, pois até os grandes homens de Deus passaram por
essa experiência em suas vidas. Deus promete que nos ajudará a passar por esse
período, que costumamos chamar de deserto.
No deserto Ele nos protege, nos defende, nos ajuda, e
até nos livra dos perigos. Deserto é um lugar de passagem, não é um lugar para
se morar!. Talvez você esteja pensando assim: se o deserto é um lugar de
solidão, de falta de perspectiva, onde andamos sem rumo, nos sentimos tristes,
abatidos, e amargurados, então por que Deus não evita de passarmos por esse
lugar tão sombrio?.
Amados, não há como evitar!. Um dia todos nós teremos
que passar por ele!. Pense diferente!. Lembre-se: foi preciso atravessar o
deserto para que o povo de Deus pudesse alcançar a terra que o Senhor havia
prometido!. Deserto é lugar onde experimentamos os milagres de Deus, mesmo no
meio de tantas adversidades. Um lugar onde não há resposta para todas as nossas
perguntas, todavia lá existe o mais importante: a Presença de Deus!. É onde
Deus governa totalmente a nossa vida!. O deserto é lugar de autoconhecimento e
de preparação para os guerreiros que estão dispostos a aprenderem a
conquistar!.
Embora o deserto seja um lugar de escassez, de luta e
sofrimento, é também uma fonte de permanente poder, cenário onde Deus quer nos
capacitar, preparar, e transformar a nossa vida para que ela seja um
referencial para a nossa igreja, para os nossos amigos e nossos familiares.
Deus quer que todos vejam o seu exemplo de vida cristã. Vejamos então os Sete
Caminhos que Deus nos leva para que a nossa vida seja impactada!.
O PRIMEIRO CAMINHO – NO DESERTO NOS HUMILHAMOS
Ele sabe que o maior inimigo de nós mesmos é o ego: o
orgulho, a vaidade, a soberba, a prepotência, a auto-suficiência. Deus quer nos
livrar da nossa justiça própria que se recusa a reconhecer os nossos próprios
pecados. Deus quer nos livrar da hipocrisia, dos altos padrões morais, teimamos
mostrar para os outros, mas que na verdade não movemos um dedo para vivê-los.
Deus quer nos livrar de um espírito crítico que vê o cisco no olho do irmão,
mas não consegue perceber a trave que está dentro dos seus olhos!.
No deserto, Deus nos faz ver quem realmente somos!. As
máscaras caem. Os pecados mais íntimos são revelados. Arrependimento e
contrição são seguidos pelo perdão de Deus que nos faz humildes na sua
presença. O Senhor nos conhece muito bem, mas nós não nos conhecemos como Ele nos
conhece!. Atravessar o deserto ajuda a nos conhecer melhor, e nos tornarmos uma
pessoa muito melhor. O caminho do deserto é difícil, mas não impossível para
quem vai atravessá-lo. Deus atravessa conosco!.
O SEGUNDO CAMINHO – NO DESERTO DEUS NOS PROVA
Não temos dúvidas da onisciência de Deus. Ele sabe o
que ocorre nos recessos de nosso coração. Ao mesmo tempo, Deus quer evidências
de que estamos prontos para obedecê-lo de todo coração. Palavras somente, por
mais tocantes que sejam não são suficientes para Deus. Podemos confessar com
lágrimas que amamos Deus e que estamos prontos a entregar nossa vida para ele.
Hipocrisia nossa!. É no deserto que vamos demonstrar a realidade de nosso amor
por Deus. Quando tudo vai bem, é fácil louvar a Deus. No deserto, somos
surpreendidos quando descobrimos o que está guardado bem no fundo do nosso
coração.
Se há murmuração, ingratidão e desejos de voltar para
o Egito, ou uma fé inabalável Naquele que prometeu, uma terra que mana leite e
mel. Cada deserto que atravessamos na nossa vida, terá um valor inestimável
para nosso crescimento espiritual!. É um lugar de oportunidades, um lugar de
encontro, onde nossas lágrimas serão mais verdadeiras. Lá descobriremos que
aquilo que achávamos ser, não é realmente o que somos!. È lá que os nossos
valores serão questionados. É lá que percebemos nossos limites, quando nos
defrontamos com a nossa fragilidade. É lá que somos desmascarados, e os mais
íntimos sentimentos do coração, são trazidos para fora.
Quando somos postos a prova por Deus, vamos descobrir
que as nossas próprias forças são limitadas. Quando o Senhor nos confronta no
deserto, começamos a entender o quanto espiritualmente somos fracos e que
precisamos de um alicerce chamado Deus para suportar todas as provas.
O TERCEIRO CAMINHO – NO DESERTO DEUS NOS DÁ SUA
PROVISÃO
Enquanto vivemos na ilusão de que somos capazes de
resolver nossos problemas e conduzir nossas vidas, não saberemos o que é a
intervenção de Deus. Confiamos mais em nosso contra cheque, em nossas posses,
em nossas habilidades, nos nossos bens. É no deserto que vamos descobrir que a
água pode jorrar da pedra e o pão pode vir do céu. No deserto experimentamos a
presença de Deus agindo de forma inconfundível na nossa vida, para darmos
testemunho de que ele é o Deus vivo e Eterno.
O povo necessitava aprender que sua simples existência
não dependia de seus próprios esforços, mas de Deus ir ao encontro dessas
necessidades. Cada manhã Deus diria uma nova palavra e providenciaria o
alimento daquele dia. Em Mateus cap. 4 e Lucas cap.4 Jesus nos dá um belo
exemplo quando venceu a primeira tentação de Satanás. Apesar de faminto,
escolheu esperar uma palavra de Deus, sabendo que esperar pelo Pai é mais
essencial à vida do que o próprio alimento!. É esta verdade que a experiência
no deserto com suas severas privações, superadas dia a dia pela provisão
divina, pretendeu ensinar o povo hebreu.
O QUARTO CAMINHO – NO DESERTO DEUS NOS ALIMENTA
ESPIRITUALMENTE
Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que
sai da boca de Deus. A verdade de Deus nos alimenta, nos fortalece, nos dirige,
nos corrige, nos educa, nos disciplina. Ela é a nossa vida. Como uma árvore ao
lado de um rio, assim é aquele que ama a Palavra de Deus. Suas folhas são
verdes e seus frutos abundantes. Como um pai, Deus nos disciplina para que
alcancemos a maturidade.
Por isso, não desfaleça no deserto. Há um propósito.
Há uma necessidade. E quando você entrar na terra prometida, você se lembrará
que as mais preciosas lições da vida foram aprendidas no deserto. E para nossa
surpresa vamos entender que Deus sempre esteve presente no nosso deserto. Bem
aventurados são os que atravessaram o deserto e não perderam o afeto por Deus,
pois puderam enxergar em meio à escuridão, a luz de Deus.
O QUINTO CAMINHO – NO DESERTO APRENDEMOS MAIS DE DEUS
No deserto encontramos algo valioso: o renascer de
nossa alma e do nosso espírito. Se a alma estava corrompida ficará são. Se o
espírito estava doente ficará sarado. Se estava velho, ficará novo!. Se o
coração estava orgulhoso e vaidoso, se tornará humilde. Se estava longe de
Deus, certamente estará mais próximo D’Ele!. Quando estamos no deserto ninguém
se mete!. É só Deus e nós!. Deus quer que cheguemos bem perto D’Ele!.
É nesse momento que temos que abrir o coração para
aprender. Aprender com Deus, aprender mais de Deus, e da Sua Palavra. Mostrar
os nossos erros, depender mais D’Ele, aprender a amar mais os outros, aprender
a fazer o bem para os outros, e aprender a perdoar os outros. Deus nos ensina
para praticarmos, por em ação algo que estava perdido e adormecido dentro de
nós!.
No fim da nossa jornada pelo deserto, já teremos
aprendido a não nos preocupar com as circunstâncias que nos rodeiam. Já não nos
importaremos se as dunas eram altas, se o sol era muito quente, se a noite fazia
muito frio, ou se o caminho foi muito longo. A melhor lição que o deserto quer
nos ensinar, é que Deus esteve presente o tempo todo conosco, nos protegendo e
nos guardando dos grandes perigos (Is.43.2).
O SEXTO CAMINHO – NO DESERTO APRENDEMOS A ORAR E SER
DEPENDENTES DE DEUS
Como podemos aproximarmo-nos de Deus e receber do
Senhor a certeza de nossa mudança e transformação, se não tivermos comunhão com
Ele?. Comunhão de intimidade!. Aproximação verdadeira para falarmos com Ele!.
Como poderemos aprender a ouvir a voz de Deus, se não for através da oração. E
como iremos aprender de Deus, se não houver intimidade com Ele?.
Só teremos intimidade com o Senhor, se tivermos
ligados a Ele com as nossas orações. Não faça orações para pedir coisas
desnecessárias, coisas sem importância para a sua vida. Procure-o!. Busque-o!
Deseje-o!. Chore por Ele!. Anseie por Ele!. Só assim cresceremos e nos
tornaremos dependente do seu poder e da sua glória para superarmos o deserto!.
O homem que depende de Deus é aquele que vive em
retidão, não tem o coração “seco”, frio, seus pensamentos não são áridos, nem
seu ministério é estéril. O dependente de Deus tem revelação, unção, graça. É
vitorioso em Cristo.
O SÉTIMO CAMINHO – NO DESERTO APRENDEMOS A CHORAR E A
CLAMAR POR DEUS
Muitos, só sabem murmurar, quando aparecem as
adversidades. Foi assim com o povo hebreu. Eles não sabiam bem o que queriam.
Às vezes queriam chegar em Canaã, outra hora, queriam voltar para o Egito. Mas
como conseguir ir em frente sem olhar para trás?. Simplesmente clamando,
chorando e se quebrantando na presença do Senhor. O coração pode até ficar
indeciso nessas horas, mas mesmo assim Deus se fará presente para nos ajudar
nas nossas dúvidas!.
Nos dias atuais, devido a uma vida cheia de
compromissos, as pessoas muitas vezes negligenciam o tempo para Deus, gastam
quase a totalidade do tempo em atividades que não tem muito valor à luz da
eternidade. Dedicamos por exemplo muito tempo ao nosso trabalho e pouco tempo
ao culto, lemos livros, revistas, vemos televisão, vamos ao cinema, mas são
poucos os que lêem a Bíblia. Falamos muito com nossos amigos, mas quase não
falamos de Deus para eles, e o pouco tempo que nos sobra não dedicamos à
oração!..
Isso nos traz grandes prejuízos espirituais, pois
perdemos nossa sensibilidade espiritual. Por esta razão a Bíblia nos exorta a
aplicarmos diligência em nossa administração do tempo, e nos diz que devemos
“remir o tempo porque os dias são maus”. No deserto temos todo o tempo do mundo
para Deus. É quando nos derramamos na sua presença, clamamos a Ele, vamos a
todos os cultos, participamos de campanhas, choramos, louvamos, oramos,
reverenciamos. É no deserto que aprendemos a confiar, a obedecer e conhecer
melhor o nosso Deus.
Conclusão
Amados, quando estiver passando pelo seu deserto,
lembre-se que caminhando ao seu lado, tem um Deus Forte para lhe guiar até o
final do caminho. Deus sabe que você vai chegar até o final da sua jornada,
pois o fraco não consegue ir longe, na sua missão. Deus sabe que a impaciência
e a incompreensão, estarão fazendo parte do seu caminho. Precisamos entender
que o deserto não é só uma fase na nossa vida, mas um princípio espiritual.
Deus quer que reconheçamos que o deserto faz parte da
Sua disciplina, mas também é um momento sublime de sabermos como os nossos
corações estavam cheios de motivações erradas. Quando olhamos para as nossas
igrejas, podemos ver que muitos estão entrando e outros estão saindo do
deserto. Sempre que Deus precisar transformar o nosso caráter, é possível que
muitos vão ser lançados no deserto. O tempo da nossa permanência ali dependerá
exclusivamente de não murmurarmos, obedecermos e aceitarmos fazer a vontade do
Senhor.
Que o Senhor abençoe a todos grandemente. Amém
Pr. Rafael Novais
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